sexta-feira, novembro 10, 2006

A TRISTE HISTÓRIA DE CAPADÓCIO

Naquela época, tudo ainda estava por ser nomeado na Grécia. A mãe de Capadócio, que tinha péssimo gosto, batizava o que via pela frente a seu bel prazer. São de autoria dela, por exemplo, os nomes estafilococo, thursday, televisão de plasma e Nando Reis.

Capadócio não herdara o dom da mãe. Na verdade, não herdara dom algum, de quem quer que fosse. Por isso, invejava os diálogos de Platão, os catetos de Pitágoras e até um grito do seu vizinho que sua mãe, ao ouvir, batizou como "Eureka". Capadócio era enfim, infeliz à beça.

Uma noite, Capadócio teve um sonho. Um homem barbudo lhe mostrava um papiro com estranhos sinais, que Capadócio esquecera logo depois de acordar. Contou o sonho à sua mãe. Ela, depois de refletir um pouco, decidiu que aquele homem se chamaria Papai Noel. "Não. Jesus é melhor", retificou.

Capadócio perdeu anos de sua vida tentando decifrar aquele sonho. Um dia, uma iluminação lhe ocorreu num grito. "Isso foi um Eureka?", sua mãe perguntou.

Como um possuído, Capadócio juntou um calhamaço de papiros e pôs-se a desenhar os símbolos.

- Mãe, como eu chamo isto?
- Humm... Chama de A, vai.
- E esse aqui mãe?
- Esse aí... B tá bom?
- E este, mãe, e este?
- Isso... Ué, isso aí é o sete do Pitágoras!

Assim, depois de reunir todos os símbolos que ainda não haviam sido inventados, aos 45 anos Capadócio criou o Alfabeto.

Aos 46, desenvolveu uma doença que sua mãe chamou de Alzheimer.

Aos 47, morreu analfabeto.

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