sábado, março 29, 2008

ENTREVISTA 074: André Abujamra (Karnak)



Contrariando as regras gerais de ortografia, André Abujamra (1965-2008 e contando) é um homem que viaja muito. Perguntamos como anda sua vida e ele respondeu “Estamos adorando Tóquio”. Demos risadas sem entender muito sua resposta, mas ele ainda a complementou com um “Música serve pra isso”! e mergulhou em um minuto de perfurante silêncio.

Enfim, este cara realmente viaja muito. Em sua jornada, André Abujamra (1965-2008 e contando), iniciou sua carreira musical como metade (ou dois terços, depende) da menor big band do mundo, o Mulheres Negras e atingiu a maturidade (ela não se machucou, fiquem tranqüilos) com o Karnak, um grupo que segundo o próprio Abu (comendo bolacha) é “...um frufo que finha fomo fremifa minumar fons e mimimos ne márias memiões no munbo”... Hoje em carreira-solo, assim sozinho, esbarra consigo mesmo de maneira solitária, num mundo isolado acusticamente que reverbera ao som de uma nota só, na combinação do ninguém com ele mesmo.

Utilizando a máxima de que o mundo é um grande palco, André Abujamra (1965-2008 e contando) é um profissional completo. É músico, trilheiro, ator, produtor, diretor e paulista, mas não pára por aí; no exato momento desta entrevista, André Abujamra (1965-2008 e contando) voava entre nuvens passageiras. Para não atrasar nosso cronograma, comemos uva e, depois da chuva, caprichamos no cerol. Com empinadas ágeis, mãos coloridas e pés no chão, cortamos, aparamos e trouxemos para o nosso universo umbigo este infinito de pé, o multifacetado artista André Abujamra (1965-2008 e...)


Revista Errata - Oi, Cibelli! Posso te chamar de Cibelli? Ou é começar a entrevista com o pé esquerdo? (...) Se eu pudesse refazer essa pergunta eu... refaria. Peraí! Cibelli, posso te chamar de Ravengar? Se eu tivesse que errar, você perdoaria?
André Abujamra -
Pode me chamar do que quiser porque, atualmente, neste pseudo-mundo globalizado, ninguém mais sabe nem o que é e nem pra onde a gente vai; tudo que sai sobre mim está errado: dizem que eu sou irmão da Clarisse Abujamra, irmão do Mauricio Pereira... Então me chama do que quiser porque no fim ninguém vai saber se é verdade ou mentira.

Revista Errata - De acordo com um ditado egípcio, a boca de um homem totalmente feliz está cheia de cerveja. De acordo com outro ditado egípcio, todo mundo tem medo do tempo, mas o tempo tem medo das pirâmides. Se misturarmos os dois ditados teríamos algo assim: A boca do mundo de um homem totalmente com medo e feliz está cheia de tempo e a cerveja tem medo das pirâmides. Como você lida com o sucesso internacional do seu trabalho?
Abujamra -
Eu sou paulista e sempre ouvi Bolero com música caipira, sushi com macarrão. Gosto de misturar porque sou misturado, eu realmente nasci numa cidade onde escutei tudo ao mesmo tempo e acho que tem muita coisa no universo além do nosso umbigo, por isso eu busco misturar tudo. Tem horas que fica feio... mas quando fica bonito é legal pacas.

Revista Errata - O Livro Multicolorido de Karnak está integralmente disponível para download, iniciativa muito bacana. Como você vê a questão dos direitos autorais e da propriedade intelectual nos meios audiovisual e ambiente?
Abujamra -
Olha... Esse lance de direito autoral é uma coisa que me enche o saco pacas. Claro que o artista tem que ganhar direitos, mas hoje em dia, com o advento do mp3 e da Internet, fodeu tudo; não tem mais como o cara fazer uma música e viver dela pro resto da vida. O lance é fazer 1.000.000 de músicas e tentar viver pro resto da vida (aliás quando a gente morre a gente pára de viver)... Esta aí mesmo vocês não falariam...

Revista Errata - O filme "Tropa de Elite" venceu o Urso de Ouro de Berlim, mas parece que o cinema nacional, em sua totalidade, ainda é engolido pelo grande urso branco do preconceito brasileiro. O que impossibilita a decolagem da produção nacional de cinema?
Abujamra -
Eu acho que a produção nacional já decolou faz tempo... Desde Carlota Joaquina, de 1995 (do qual, aliás, a música é minha).

Revista Errata - Você tem cara de quem bebe bem. Se eu te aliviar desta pergunta, você paga uma rodada?
Abujamra -
Só, doutores... Além de não beber nada, sou vegetariano. Água sem gás no camarim apenas. Mas te pago um gioza vegetariano.

Revista Errata - O cenário independente de música aqui no Brasil (no Brasil todo, inclusive na Guiana) vive um baita momento de ebulição, com festivais a rodo e muitas bandas legais surgindo. Qual é o ponto de ebulição do etanol?
Abujamra -
Myspace.com

Revista Errata - É verdade que se eu ouvir o seu último disco, o “Retransformafrikando” de trás pra frente, eu perco a garantia do meu som?
Abujamra -
Se você ouvir o meu cd Retransformafrikando de trás pra frente, ao contrário mesmo, você vai ver que eu falo sobre a teoria da puberdade mística dos anões pequenos da Áfrika meridional, mas se você ouvir de trás pra frente e de ponta-cabeça, aí você pode morrer porque o cd é comprido e o sangue pode escorrer pelo seu nariz.

Revista Errata - Se a gente te der um cabo telefônico, dois clipes, um livro do Woody Allen, cinco moedas, uma tampa de panela de pressão e uma senhora de meia-idade, o que você vai fazer que vai deixar o Hugo Chávez pau da vida com o Brasil?
Abujamra -
O livro do Woody Allen que se chama “Sem Plumas” fala, na página 45, sobre as mulheres de Lovborg, onde elas enforcam latino-americanos com cabos de telefone (sem clorofila, claro). As moedas são efêmeras perto da responsabilidade clínica pagã do século 21; a tampa da panela de pressão eu usaria como um chapéu novo do Karnak (que sim... Está voltando em 2008!) e vou fazer um show do Fatmarley pelado pro Hugo Chávez ou ficar puto, ou ficar morrendo de tesão.

Revista Errata - Com qual das alternativas abaixo você se relaciona mais? Por que?
a) Humor
Abujamra -
Eu falo tanta coisa triste nas minhas músicas...
Mas a galera ri.
Eu engano todo mundo.
No fundo, eu sou triste pra caralho.

Revista Errata - Você se incomodava quando era confundido com o seu pai? E com o Faustão? Falando em Provocações, manda um pensamento pessimista para os nossos leitores?
Abujamra -
Eu amo meu pai. Ser confundido com ele é um presente.
O pensamento pessimista é... Tudo piora!

BATE-BOLA:
- Rockgol da MTV

Legal... Mas a molecada só sabe que eu jogo mal... Nem sabe o que eu faço nessa vida.
- Otto
Maluco beleza... Dei um Djembe pra ele.
- Aurora Boreal
Raridade que não custa caro, mas ninguém vê.
- Jesus
Respeito muito, assim como Ghandi.
- Mama África
Minha religião é o Candomblé, sou metade libanês, metade italiano e o resto é do Brasil, mas a alma é africana sempre.
- Chineses
Clonaram um microfone Noiman muito bem, “Made in China” rocks!
- Barack Obama
Puta nome de banda de World Music!

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quarta-feira, março 26, 2008

Errata Comics: O Homem-Bala Perdida

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domingo, março 23, 2008

De Paschoal

Je Suis nasceu em Paris, mas mudou-se para Jerusalém ao completar 33 anos. Nesta idade, ele está um pão; tanto assim que ao desembarcar, levou uma inesperada mordida na bochecha. “Oh la la”, ele exclamou, oferecendo a outra face. “Não, este lado está queimadinho”, disse Madeleine Peyroux em lá maior. “Oh la la, Je Suis viajou na janelinha”, disse e completou: “Oh la la, agora você deixou Je Suis com fome, Madeleine”. Limpando o sangue do lábio inferior, Madeleine disse “Oh la la, em mi bemol, você tem RH O negativo!” e sorriu enigmaticamente

Em Jerusalém, Chris, o Judeu, tocava sua pequena empresa fazendo grandes negócios. Eram bolos, grandes bolos e eram tão enormes, que Chris, o Judeu não conseguia vendê-los, ainda que cobrasse um módico Novo Shekel por unidade (não por quilo, entendam). Seus bolos eram tão imensos que Chris, o Judeu, começava a ser mal-visto pela comunidade. “Ele está construindo uma Torre de Babel?”, perguntavam-se os moradores da região. “Se estiver, a face leste está queimadinha”, concluíam diariamente. Já Chris, o Judeu, pouco se importava com o falatório da vizinhança, mas praguejava com freqüência indevida para um judeu: “Malditos fermentos que uso, vão me levar à bancarrota!” e soluçava enigmaticamente.

Tom é um etíope que chegou em Jerusalém fugido da fome. Ela o perseguia tanto, mas tanto, e há tanto tempo, que tanto eu como Tom não sabíamos mais o que fazer com a palavra tanto, que em amárico quer dizer “fome de caras queimadas”. Tom esgueirava-se faminto entre os becos e vielas de Jerusalém quando, aflito e desamparado, olhou para a lua que iluminava candidamente o solo sagrado. “Um dia, vou comê-la, sua bola de queijo”. Madeleine Peyroux, que ali passava com Je Suis, assustou-se ao ouvir o lamento famélico de Tom: “Oh la la, um canibal afinado!”. Tom olhou para a mulher com desdém, já que falava com a lua. A lua, por sua vez, olhou para Tom e brilhou enigmaticamente.

- Oh la la, Je Suis vê uma boulangerie! – exclamou Je Suis.
- Oh la la, é uma torre de babel! – disse um dos vizinhos de Chris, o Judeu.
- Ê laia, vocês vão me pagar um bolo? – perguntou Tom, em amárico.
- Oh la la, não entendi patavinas, mas você é mesmo afinado! E está queimadinho! – disse Madeleine.

E assim os quatro partiram para a loja de bolos de Chris, o Judeu. O vizinho de Chris lembrou-se que seu videocassete não estava programado para gravar os melhores momentos dos atentados do Hamas daquela semana e voltou para sua casa. Assim, nossos três personagens entraram sozinhos na loja de...

[NOTA: infelizmente, os pergaminhos referentes aos capítulos trinta e três e os seguintes até o quarenta e dois desta história, não foram escritos devido à greve dos roteiristas de Hollywood. Lamentamos profundamente o episódio e vamos então pular aleatoriamente para o pergaminho noventa e cinco deste script (sim, é um filme – gênero indefinido), em breve num cinema perto de você.]

Então fundidos sob a forma da reencarnação de cristo na Terra, Je Suis Chris Tom encara seu nêmesis, Louis, filho de Tom, revelado como um afinado anticristo. O duelo entre estas forças primordiais já destruiu todas as edificações da sagrada Jerusalém, porque as notas musicais alcançadas por ambos eram tão poderosas quanto o som das trombetas que fazem a linha melódica da sinistra canção do Apocalipse [NOTA: consultar o departamento de efeitos visuais]. Ryan Seacrest, o marinho, aproveita agora uma retomada de fôlego dos competidores e, olhando para uma câmera sagrada, vaticano, digo, vaticina: “This... is... American Idol” e faz biquinho enigmaticamente.

Três peixes assistem com particular interesse à performance dos protagonistas do fim do mundo. São eles: Randy Badejo, Paula Atum e Simon Truta Arco-Íris Cowell. Estupefatos com tamanha capacidade vocal, suas bocas balbuciam pequeninas bolhas de ar que estouram quando atingidas pelas notas celestiais e infernais de Je Suis Chris Tom e de Louis. Reverberando, tais notas flutuam pela devastada Jerusalém e singram mares e oceanos mundo afora. Seus efeitos são catastróficos. Metade das pessoas destras do mundo perde a vida instantaneamente, enquanto a outra metade descobre-se subitamente canhota. Ambas ficam queimadinhas. Este também é o destino de Randy Badejo, Paula Atum e Simon Truta Arco-Íris Cowell, servidos ao azeite e molho branco, com tomilho e rúcula. Vinho branco acompanha, cortesia de Je Suis Chris Tom. Ele pisca enigmaticamente.

Fatigados pela batalha que já dura dezenove pergaminhos, os filhos do Apocalipse reúnem forças para um golpe final, o solo fatality. Je Suis Chris Tom havia poupado um agudo estridente, aprendido com Tetê Espíndola; Louis tinha na manga um grave gutural, Derick Greene como coach. Ao tomarem o fôlego que decidirá esta batalha, ambos aspiram um terço dos rios e metade de Ryan Seacrest, que continua fazendo biquinho enigmaticamente. Rostos franzidos, miram um ao outro e vociferam seus solos ao mesmo tempo.

"Near, far, wherever you are..."

"Oh la la, ambos estão cantando My Heart Will Go On, da Celine Dion!!!!", grita Madeleine em desespero, momentos antes de ser escalpelada pela força sinistra daquelas notas. Mortos enterrados há muito se contorcem em coreografia ritmada, voltando à superfície. [NOTA PATROCINADA: Edição especial dos 25 anos de Thriller, em breve à venda no blog do site da revista do grupo de humor nonsense Errata]

A canção abala as fundações mesmas do quarto planeta do sistema solar, mas não só. Reagindo à horripilante cantoria, a lua treme e treme tanto, mas tanto, que isto é tremendo. E tremendo, livra-se de sua órbita com a agonia dos que têm ouvido absoluto, desabando na Terra ao som do eco dos seguintes versos, os últimos entoados por Je Suis Chris Tom e Louis antes de perecerem biblicamente, num empate técnico:

We'll stay forever this way /
You are safe in my heart /
And my heart will go on and on... on... on... on... on... on...


...on... on... on... on... CLICK... off.

- Desculpem, mas alguém tinha que dar fim nisso. - disse o único sobrevivente daquele terrível momento para humanidade. Era um técnico de som e saboreava um peixe queimadinho coberto por queijo, enquanto saía dos escombros do palco giratório do Jewish American Idol.

- E é queijo gruyère, veja só... - completou, antes de começar assobiar a melodia de “Hey Jude” e partir em direção ao horizonte pós-apocalíptico.

Sim, seu nome era Judas. Mas ainda assim lhes deseja uma feliz Páscoa enigmaticamente.

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terça-feira, março 18, 2008

Dezoito anos sem Zacarias



Se naquele grupo houvesse um D'Artagnan, este seria Mauro Faccio Gonçalves, um atrapalhado filósofo francês de risadinha fina, modo afetadinho, peruquinha sintética e dono de um asno-da-somália de estimação (l'âne), natural de le grand île privée de Sept Lagons, Basiléia. Este continua vivo.

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domingo, março 16, 2008

Blogueiro Convidado: Nelson Moraes (Ao Mirante Nelson)



Ante-sala

Então eu entro numa espécie de ante-sala e deparo com o Groucho Marx, o Bernard Shaw e o Oscar Wilde. Os três animadamente conversando em cochichos, e dando a entender que nem notaram minha presença. Até o momento em que o Groucho pára de falar e me lança um olhar dos mais protocolares:

- Meu Club Soda sem gelo, por favor.

Protesto:
- Também estou aqui como convidado.

Ele:
- Sem problemas, meu rapaz. O convido então a me servir um Club Soda sem gelo.

- Mas eu não sou garçom – torno a protestar.

- Certo, certo – palpita o Shaw. – Sua physique du rôle está mesmo para barman. Separe então o gelo que iria no Club do Groucho e traga para mim.

E é a vez do Wilde dar seu pitaco:
- Essa piada é velha, Bernard. Na hora da gorjeta você vai enfiar a mão no bolso do garçom aí, dizer “isso aqui é pra você tomar um uisquinho” e jogar lá as pedras de gelo. Ótima, mas velha.

- Não sou garçom – volto a dizer.

- Certo – torna Wilde. – Do barman aí. Falando nisso, um brandy, por favor.

- Não sou barman! – ergo a voz, pela primeira vez provocando uma constrangedora interrupção nos cochichos dos três, que passam a me olhar de alto a baixo. Desço o tom, envergonhado, e prossigo, agora cochichando também: – Sou convidado, como vocês. A Revista Errata me convidou a escrever um post de humor para o blog deles.

- Ah – diz Shaw, num misto de curiosidade e ar blasé. – Então é por isso que estamos aqui. Já tinha me esquecido. Achei que era algum velório.

- Por que velório? – pergunta Groucho.

- Ué. Bebidas, piadas, cochichos. Só faltou o defunto, mas aí também é se apegar demais a detalhes.

- Eu estava cochichando porque vocês começaram – alega Groucho.

- E eu porque vocês estavam cochichando também – diz Wilde.

- Mas foram vocês que começaram – diz Shaw, elevando bem a voz. – Quer dizer que podemos falar em voz alta? Que bom! Agora já vai parecer o parlamento inglês. Só que sem perucas.

- Não fale pelo Oscar – diz Groucho, olhando sardonicamente as madeixas de Wilde.

Nisso o Dr. Jekyll abre uma porta, mostra só a cabeça e anuncia:
- Almirante, seu post entra em cinco minutos. – e sai, fechando a porta.

Por alguns momentos fica um embaraçoso silêncio. Até que Wilde comenta:
- Well, parece que alguém subornou o porteiro.

- Eu disse que isso passou a se parecer com o parlamento inglês – falou Shaw.

- Bom, de minha parte OK – diz Groucho. – Aliás, seria muito óbvio eu arrematar dizendo que não escrevo mesmo posts para blogs que me aceitem como convidado?

- Acho que já entendi – falei, meio que para mim mas os três pareceram se interessar. – Acontece que o blog por enquanto não tem a mínima condição de pagar pela colaboração de vocês. Então eu, que estou postando de graça, tenho a preferência. Quando eles começarem a vender assinaturas e passarem a arrecadar mais, provavelmente chamam vocês.

- Well – diz Wilde. E o que dá para se fazer nesses cinco minutos? – e, vendo os outros dois afastando prudentemente as respectivas cadeiras, comenta, enfarado: - Ah, por favor, cavalheiros. Essa piada também é muito velha.

- Bom – anuncio –, já que estou aqui e temos ainda esse tempo, não vejo por que não servir os convidados. Trarei o Club Soda de Mr. Marx, o gelo de Mr. Shaw, o brandy de Mr. Wilde. Mais alguma coisa?

- Sim – diz Groucho.

- Pois não? – pergunto.

- Por que diabos você ainda está cochichando?

*Aperitivos tão bons quanto este são servidos, gratuitamente, na cabine do "Ao Mirante Nelson"... sem gelo, por favor.

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quarta-feira, março 12, 2008

Uma viagem ao espaço

O homem chegou no céu, o homem chegou à Lua, o homem chegou em Marte... “Onde cê vai com esse texto?”, perguntaram os outros doutores. E me mandaram pro espaço, os malditos. “Mas o homem já foi para o espaço”, eu disse. “E desde quando você é homem?”, disseram em uníssono e de mãos dadas.

A verdade é que estamos em contenção de gastos neste blog. Sugeri ir para o espaço usando o Google Earth pra economizar, mas para acessar o Google Earth é necessário ter internet. E pra ter internet precisa ter dinheiro. E pra ter dinheiro precisa ter a manha, viu? Mas como para o espaço podemos viajar com os motores desligados, esta foi uma das soluções mais econômicas que os doutores encontraram para este post. Cortar meu salário pela metade foi outra. Bem que poderiam ter cortado outra coisa. O salário eu uso.

Daqui de cima eu posso ver que o mundo realmente dá voltas. E que nem sempre quanto mais alto, maior o tombo. E que a lei da gravidade contribui muito para isso. Vejo também um planeta. E me aproximo dele. Ele não dá voltas. Ele não dá nada. Ele é um planeta macho. É um planeto. E se os doutores não cortaram a parte do texto em que falo sobre o meu salário, não é esta a metade do texto que vão cortar. Mesmo porque ela não está lá essas coisas e até justifica o meu meio salário. Mas ah, o mundo dá voltas. Uma hora pega os doutores por trás. Se não pega, eu pego.

Ali na frente o que eu vejo? O que eu vejo? Sai da frente, maldito! Esses malabaristas... Sempre na frente do meu pára-brisas! Agora sim... Ah, vejo outro planeta. Ele é pequeno e seguido de vários outros planetas menores e coloridos. Vou tentar me aproximar del...

- Tira a mão, ô porra!
- Mas o que é isso?
- A feira de ciências do Colégio Maria Imaculada. E esse é o meu trabalho escolar, quer ouvir a explicação?
- Não, não posso.
- Tá sem tempo?
- Não, o som não se propaga no vácuo, não consigo te ouvir.
- Tá bom, tchau.
- Hein?

- Oi, eu não tou aqui roubando e esse foi o único jeito que eu encontrei de ajudar...
- Que é isso, rapaz?
- Isso aqui não é um ônibus?
- Bom, é um ônibus espacial...
- Pô, foi mal – mas e aí, vai uma jujuba?
- Não, obrigado, sou canhoto.
- Tá bom, tchau.

Vamos ver: uma galáxia, um planeta, outro planeta, um hífen, um asteróide, uma vírgula, um cometa, um acento circunflexo, uma letra “S”, uma letra “t”, uma “a”, e uma letra letra “r”. “S-t-a-r? Wars?” É o letreiro de Star Wars! Pena que eu não trouxe minha carteirinha, senão pagava meia. Pena que estão me pagando meia, senão eu trazia minha carteirinha. Mas o mundo dá voltas. E eu enrolo.

Pouso num chapéu. “Olá, chapéu”.
- Eu não sou chapéu, sou uma jibóia.
- Olá, jibóia.
- Eu não sou uma jibóia, sou uma ilustração.
- Olá, ilustr...
- E essa é a história do pequeno príncipe.
- Então este é o B-52?
- Não, aqui é A-52, B-52 é nos fundos, quer que vá chamar?
- Não, obrigado. E aquilo, é um baobá?
- Não, aquilo é um baobei – me passa um guardanapo?

O livro do Pequeno Príncipe é ótimo. Já li umas quatro vezes, aquelas figuras. Mas aqui no espaço é um pouco escuro, não dá pra ler. Vou dar um jeito. Tenho que dar. Se eu não der, os doutores me f**em. Bom, pelo visto, vou dar de qualquer jeito. Como diria o Edir Macedo, "Ou dá ou desce"... Sabiam que na verdade é “ou dá ou desse”? Se bem que com essa gravidade zero vai ser difícil descer. Mas pra dar, eu dou um jeito.

Esqueça o que Iury Gagarin disse, esqueça o que você viu nas fotos de satélite, esqueça o que se diz por aí sobre o nosso planeta - se você tem Alzheimer não preciso nem pedir, né? Esqueça que a Terra é azul, porque ela não é. Ela é cinza! Cinza como a noite. Cinza como camiseta preta na mão da minha empregada. Como o pó do qual viemos. E do pó ao qual voltaremos. E voltaremos de novo. E de novo. E de novo. Caramba, não tá batendo. De novo, de novo... Cinza como 20% de black. Cinza como C236, ou C246, ou C245 - alguém viu minha escala Pantone? Cinza como este Insulfilm.

(pausa para reflexão do Dr. Jivago)
(pausa para reflexão do leitor)
(pausa para ir ao banheiro)
(é número 2? Então despausa que dá pra ler no banheiro)

É, a Terra é azul sim, me desculpe. Esquece o que eu falei, tá? Se você tem Alzheimer, melhor.

De repente, está ficando tudo muito escuro. Mais escuro que o normal. “Oi, quem é você?”, pergunto.
- A sua labirintite.
- Você vem sempre aqui?
- Não, só quando eu quero dar umas voltas.
- Isso foi uma piada?
- Ah, deixa pra lá.
- Lá aonde, sua idiota? E você aí chorando, quem é?
- Sou o buraco negro.
- E por que choras buraco negro?
- Porque sou negro e o negro é muito mal visto aqui no espaço.
- Mas ninguém te vê aqui no escuro.
- Não falei?
- Relaxa, o mundo dá voltas, um dia todo mundo será como você.
- Como eu?
- Não, me come. Afe... O quê que eu tou falando, Deus do céu...
- Me chamou?
- Quem é você?
- Sou Deus.
- Não, não chamei, pode ir embora.
- Impossível. Eu estou em todos os lugares.
- Mas para Deus nada é impossível.
- É verdade... Então... Tchau!

E fez-se o fim.

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sábado, março 08, 2008

Uma Rosa para uma Rosa

Uma homenagem da Revista Errata ao dia internacional da mulher.

No começo era a Eva... Mas Deus não existe, então vamos chamá-la de Rosa.

Quando criança, Rosa era uma menina que preenchia o mundo com sua beleza e vida. Rosa sorria e transmitia a esperança do amor e a crença em um amanhã melhor. Rosa... Bom, pensamos em vários nomes pra substituir Eva: Cristina, Marília, Sabrina, Adriana, Maria, Tatiana... Enfim, achamos que Rosa seria uma boa escolha. Sabemos que Rosa não é o nome de nenhuma adolescente, porque lembra mulheres maduras, experientes e capazes. Er... Não que o nome Cristina não seja o nome de uma mulher madura, experiente... Enfim... Este não é o ponto.

Mas Rosa é uma cor bonita... Diferente da Rosa flor, que pode ser vemelha, amarela e... Tá bom, tá bom! Este não é o ponto.

Quando adolescente, viveu o melhor de cada momento presente, lutou firme pelos sentimentos mais puros e se entregou às lágrimas ao fazer de um mundo incerto um lugar aberto, com ventos, calor e mar... Com alegria, Rosa corria, corria e corria, até que um dia tropeçou num formigueiro e ali ficou, sendo mordida o dia inteiro. Levou toda a tarde para conseguir se livrar da última das formigas que haviam destruído a poesia daquele dia. Decerto esta formiga acabou esmagada pela sola do tênis All Star de Rosa, que com as picadas ficou toda vermelha e... Bom, este não é o ponto.

Rosa, quando madura, estava à altura de um mundo mais seguro, repleto de um sentimento mais puro, que trouxesse a certeza de um belo futuro, pois era assim o lugar em que gostaria de viver a vida quando seus problemas fosse enfrentar. Olhando-se em um espelho, olhar sereno, passou a mão na testa quando viu um Ford Fiesta atravessar o canteiro, atropelar o carteiro, o poeta e bater no seu carro novo que acabara de estacionar. “Corno maldito! Bêbado dos infernos! Depois é mulher que não sabe dirigir”! A desculpa do inepto motorista foi ter perdido os freios por causa do óleo que tinha acabado de trocar. Um óleo vagabundo, meio amarelo. Um motorista de ônibus veio acudi-la, mas parou e disse... “Bom, este não é o ponto”. Er…

Quando mãe dedicada, delicada, fez-se presença eterna, em figura materna, ao olhar dos seus pequenos. Amou, lutou, protegeu, exigiu... A maior força de uma família que já existiu. E de dependente fez-se independente: trabalhou, foi feliz e competente; bem diferente de seu marido, que se acabou, o inepto motorista do Ford Fiesta com quem casou. Amargurado pela bebida, desistiu da vida para cultivar a ferida da mente pessimista de um homem egoísta, que não soube dar valor ao que realmente era importante. Vagabundo não era o óleo... Tratante! Melhor sem ele, Rosa. São nesses momentos que dizemos... Não, não é este o ponto.

Quando idosa, toda prosa e cheia de experiência, dizia com tranqüilidade e paciência para quem quisesse escutar, que a essência da vida é pela vida passar. E que tinhamos todos muito ainda pela frente; dizia de maneira forte e consciente, orgulhosa e sorridente. Pode vir o que vier, Rosa é uma mulher.

Várias mulheres.
Todas elas.

Mas é a única que tem sangue escorrendo pelo dedo por causa de um bife tirado pela manicure nova do salão que sempre freqüentava. E vai ter que dar ponto.

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terça-feira, março 04, 2008

É oro, uai!

O que é liso, brilha, faz a felicidade de milhões de pessoas, é pesado, amarelo e é o grande responsável pelo desenvolvimento humano no mundo? E além disso ainda é pequeno, silencioso, apático, quadrado, velho e Montevidéu?

Não, não é “oro, uai”, mas chegou perto. É o Uruguai!

Já dizia o ditado vegetal uruguaio: “Quanto mais planto banana, mais colho arroz. Latifúndio, minifúndio, o difícil é ter a planície vasta e aberta!”

Segundo historiadores, ou melhor, o historiador, ou melhor, um estudante da história do Uruguai, José Luís Lividor, o personagem mais famoso do país é o goleiro Chilavert. Segundo ele, é muito comum confundir Paraguai com o Uruguai (e ri, mesmo sendo da Guatemala que, no máximo, ganhou o Latin American Idol).

O que poucos sabem é que o país tem uma ligação direta contra o terrorismo seletivo e é um grande aliado do Exército dos Estados Unidos da América. Formadores de opinião do Uruguai já sabiam de atentatos terroristas muito antes deles acontecerem, mas ninguém deu atenção; afinal, eram formadores de opinião uruguaios. Além disso, os formadores de opinião uruguaios têm uma pinta preta na ponta do nariz, o que dificulta a conversação.

À beira do Rio de la Plata há areia.

“A mi me gustaria llamarle de Fidel pero aqui no es Cuba, entonces…”, diz um formador de opinião uruguaio, com uma baita de uma pinta preta na ponta do nariz, à beira do Rio de la Plata, referindo-se ao único vira-latas da cidade, o cão Jorge.

Clímax: “Sou de Quiche, do sul da Torta de Palmito, da geração moderna e produtiva de Pernil Assado na Guatemala e exijo respeito!” grita José Luís Lividor, o estudante da história do Uruguai. E complementa: “O Uruguai não passa de uma Cisplatina!”.

O silêncio toma conta do… silêncio…

Nisso ele tem razão; mais uma das coisas que poucos sabiam. O Uruguai também é um anticancerígeno de composição inorgânica, um agente quimoterápico muito eficaz! Mas as pessoas continuam morrendo...

E é amarelo, mas ninguém nunca reparou, afinal é o Uruguai.

Agradecimentos:
Ao povo de Calzone, norte da Pizza, em Macarrão, na Guatemala.
A Gilberto, Rosa e Aguinaldo, em Cuba.
Ao Exército dos Estados Unidos da América.
E ao estado de Minas Gerais.

Este texto foi produzido originalmente com apenas duas onomatopéias.

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segunda-feira, março 03, 2008

Super, mega, ultra, hiper, max blaster e mais

Mais rápido que uma bala, ele é velocíssimo! Mais forte que uma locomotiva, ele é le plus forte! Saltar sobre os prédios mais altos com um simples pulo? È pure facilissimo... Ele é, praticamente, o lema das olimpíadas criado pelo Frei Henri Didon.

- Olhem lá no céu, vindo em nossa direção! Será um pássaro?

- É um avião!

- É uma gaiola louca!

- Não, você tinha razão! É mais um avião que tá caindo. Corre!

Mais do que um super-homem ou uma música do Secos e Molhados, ele é o Super-Lativo!! Vindo de um puta planeta, em uma galáxia longe pra dedéu, usa seus exagerados poderes para ajudar os mais necessitados e auxiliar o turismo da cidade de Itu, interior de São Paulo.

- Aiiiiii... Socorro!

- Esse é um trabalhaço para o Super-Lativo!

- Ainda bem que você chegou. Estou num aperto danado e precisava de alguém de fibra como você!

- Pigérrimo e misérrimo humílimo, essa baita confusão é comuníssima, mas eu sou o Super-Lativo. O Super-Laxativo você encontra em uma drogaria, pertíssimo de você.

(No caso de persistência dos sintomas, um médico deverá ser consultado)

- Super-Lativo!!!

- Parece que alguém, realmente, precisa de mim. Para o altíssimo, o diviníssimo, amém e avante!

- Graças ao São Guiness Book, Super-Lativo! Você é Magnifiquíssimo!

- Magnificentíssimo! Se é pra puxar o saco, faça direito, pô!

- Ah... tá. Super-Lativo, parece que estamos sendo atacados! Olhe lá no céu, vindo em nossa direção! Será o fim do mundo?

- Hã... Quê? Ah... Shhhh... É o Airbus A380! Malditos chineses!

(...)

- É um disco voador atirando bolinhos de fubá!

- Não! Corre, é o... (CHOMP!)

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